São Cipriano
Olá galera. Na postagem de hoje estarei dando início a um assunto que além de assombroso e polêmico, é responsável pelo surgimento de diversas lendas urbanas.
São Cipriano, o bruxo que posteriormente virou santo, e o livro de capa preta...Virou história.
Relatos assombrosos, experiências paranormais, aparições desagradáveis do além, e até mesmo meta morfos (pessoas que se transformam em animais ou bestas) etc...
Muitas pessoas que conheço, sentem arrepios só por pronunciarem o seu nome. Há ainda os mitos que o cercam: consideram ser pecado possuí-lo ou simplesmente tocá-lo. De qualquer forma, o tema São Cipriano e tudo que o cerca, é um campo de estudo e pesquisa muito interessante para os ocultistas, religiosos e aventureiros. Mas antes de seguir com estes contos de arrepiar até os cabelos do sovaco, vamos viajar um cadinho no tempo.
Nascimento, Crenças, e Origens
O tempo é 250 d.C. na Antioquia, região situada entre a Síria e Arábia, onde nasceu Tascius Caecilius Cyprianus(nome verdadeiro de Cipriano).
A cidade era a terceira maior do Império Romano. A região era na época conhecida pelos hábitos devassos e depravados da maioria de seus habitantes, costumes estes que por inúmeras vezes chegaram a causar grande preocupação às administrações imperiais de Roma.(Roma mandava na bagaça toda)
Os cultos religiosos mais populares estavam associados as deusas do amor e da fertilidade, o que explica em parte a libertinagem naquela cidade. Foi neste ambiente social, religioso e cultural que Cipriano nasceu. Filho de Édeso e Caledônia, descendeu de uma família próspera. Seus pais eram ricos e fiéis às divindades oficiais do antigo Império Romano, sendo assim Cipriano, ainda em sua infância, foi consagrado por seus pais ao serviço dos deuses. Com sete anos de idade, foi entregue aos magos para o estudo da magia e do ocultismo, tendo sido posteriormente, aos dez anos de idade, enviado à Grécia, como iniciado.
Viagem em Busca de Mais Conhecimento e Poder
Cipriano não se limitou aos estudos e sacerdócio na Antioquia, aprofundando-se nas ciências ocultas durante viagens de estudo que fez ao Egito e Grécia. Desta forma absorveu conhecimento com vários mestres e sacerdotes místicos da época, estudando desde as mais ancestrais técnicas astrológicas, passando por numerologia hebraica e profecias, até os rituais de magia do antigo Egito.
Aos trinta e cinco anos de idade , esteve na Babilônia para estudar a magia dos caldeus . Lá ele teve como mestra a velha bruxa Évora , que ensinou – lhe as artes de adivinhação. Estudando com ela, Cipriano desenvolveu notórias capacidades premonitórias(dom da premonição), e outras matérias sobre a arte da bruxaria, segundo as tradições místicas dos Caldeus.
Évora , também , fez um ritual secreto para que Cipriano virasse um bruxo famoso . Porém , como esta mulher estava com idade avançada , ela acabou falecendo . Após o falecimento da Bruxa Évora, Cipriano herdou seus manuscritos esotéricos, dos quais acabou por extrair muito de sua sabedoria ocultista.
Passado algum tempo, Cipriano já havia dominado bem as artes da ciência ocultas(como a alquimia) e da magia negra, invocando espíritos das trevas e demônios. Diz a lenda que Cipriano se aprofundou tanto e com tal dedicação, nestes contatos com o além, ao espantoso ponto de tornar-se amigo intimo de Lúcifer e Satanás; que em troca de poder e favores, conseguia a perdição de muitas belas e jovens mulheres, o que acabou por lhe trazer grandes poderes sobrenaturais.
O Encontro
"Acredite em mim", ele disse: "Eu vi o príncipe das trevas, pois propiciei-lhe por sacrifícios. Cumprimentei-o e falei com ele e os seus anciãos, ele gostava de mim, elogiou meu entendimento, e antes de todo mundo ele disse: 'Aqui está um novo Jambres, sempre pronto para a obediência e digno da comunhão com a gente!" E prometeu fazer de mim um príncipe depois da minha partida do corpo, e para o curso da vida terrena para me ajudar em tudo. E ele me deu uma legião de demônios para me servir.
Por conseguinte, todos os seus príncipes estavam atentos para mim, vendo a honra que me demonstrou a mim. A aparência externa do príncipe das trevas foi como uma flor. Sua cabeça foi coroada por uma coroa - espiritual - feita de ouro e pedras preciosas, como um resultado do qual todo o espaço ao seu redor estava iluminado, e sua roupa era surpreendente. Quando ele se voltava para um lado ou outro, todo lugar tremia, uma multidão de espíritos malignos de vários graus estava obedientemente em seu trono. Entreguei-me totalmente a seu serviço naquela época, obedecendo a seu comando todos os dias. “
A Protegida
Cipriano foi autor de diversas obras e tratados místicos, e era já um feiticeiro respeitado, reputado e temido. Com saudades de sua terra natal, voltou à Antioquia. Lá ele foi chamado num castelo para curar uma criança nobre que estava doente . No corredor deste palácio , Cipriano avistou uma linda moça chamada Justina que era cristã, vivia orando, e tinha o sonho de morrer virgem e não acreditava em magias. Mas Aglaide, um jovem muito rico estava ardentemente apaixonado por ela. Sendo rico, rapidamente conseguiu o consentimento dos pais de Justina para casar-se com ela. Entretanto a jovem donzela professava uma forte fé cristã e desejava manter sua pureza, oferecendo sua virgindade a Deus, por esse motivo Justina recusou-se a contrair matrimônio com Aglaide.
Desgostoso e contrariado, mas com forte determinação em possuir a donzela Justina, Aglaide encomendou os serviços de Cipriano. O Grande Feiticeiro usou toda extensão de sua bruxaria, para fazer Justina oferecer-se a Aglaide, cair em tentação carnal e renunciar a fé cristã. Cipriano fez uso de diversos trabalhos de magia, contudo nenhum deles surtiu qualquer efeito. Para espanto de Cipriano, toda gama de feitiços que usava era repelido pela jovem donzela, apenas através do sinal-da-cruz e orações.
A Conversão
Cipriano desiludiu-se então profundamente com as suas artes místicas, que até então tinham funcionado de maneira infalível. Viu todo seu conhecimento de magia e ciências ocultas, todo seu poder, ser derrotado por uma mera donzela com fé no Deus de Cristo. Foi então que, aconselhado por um amigo seu, de nome Eusébio, e observando o enorme poder sobrenatural da fé de Justine, Cipriano resolveu converter-se ao cristianismo. Convertido, o Grande Feiticeiro destruiu todas as suas obras esotéricas e tratados de magia negra, bem como ofereceu e distribuiu todos seus bens materiais e riquezas entre os pobres.
Os Fantasmas e o Anjo
Depois de converter-se, Cipriano foi fortemente atormentado pelos espíritos de bruxas e demônios que o perseguiam. Em um capítulo de seu livro, Cipriano narra um episódio ocorrido após sua conversão:
"Numa noite de sexta-feira, caminhava por uma rua deserta quando se deparou com quatorze fantasmas. Essas aparições eram bruxas que imploravam ajuda. Cipriano respondeu-lhes que havia se arrependido de sua vida de feiticeiro, e que havia se tornado temente a Jesus Cristo. Logo depois caiu em sono profundo, e sonhou que a oração do Anjo Custódio o livraria daqueles fantasmas. Ao despertar teve uma breve visão do Anjo. Assim, auxiliado pela oração de São Gregório e do Anjo Custódio, esconjurou e livrou a alma atormentada das bruxas."
O rapaz foi forte e manteve sua fé, afastando de si estas aparições malignas que pretendiam fazer com que ele retornasse aos caminhos do maligno.
A Morte
As notícias da conversão e das obras cristãs de Cipriano e Justina, chegaram até o imperador Diocleciano que se encontrava na Nicomédia. Assim, logo foram perseguidos, presos e torturados. Frente ao imperador, viram-se forçados a negar a fé cristã. Justina foi chicoteada, e Cipriano açoitado com pentes de ferro. Não cederam.
Irritado com a resistência, Diocleciano ainda lançou Cipriano e Justina numa caldeira fervente de banha e cera. Os mártires não renunciaram, e tampouco transpareciam sofrimento. O feiticeiro Athanasio (que havia sido discípulo de Cipriano) julgou que as torturas não surtiam efeito devido a algum sortilégio lançado por seu ex-mestre. Na tentativa de desafiar Cipriano e elevar a própria moral, Athanasio invocou os demônios e atirou-se na caldeira. Seu corpo foi dizimado pelo calor em poucos segundos.
Após este fato, o imperador Diocleciano finalmente ordenou a morte de Justina e Cipriano. No dia 26 de Setembro de 304, os mártires e um outro cristão de nome Teotiso, foram decapitados às margens do Rio Galo da Nicomédia. Os corpos ficaram expostos por 6 dias, até que um grupo de cristãos recolheu e os levou para Roma, ficando sob os cuidados de uma senhora chamada Rufina. Já no império de Constantino, os restos mortais foram enviados para a Basílica de São João Latrão.
O Livro
O famoso Livro de São Cipriano foi redigido antes de sua conversão, mas o mistério que envolve a vida do Santo interfere também em seu livro. Uma parte dos manuscritos foi queimada por ele mesmo. A questão é que não se sabe quando, e por quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e posteriormente levados para diversas partes do mundo.
No decorrer dos anos, o conteúdo sofreu alterações significativas. Houve uma adaptação de acordo com as necessidades e possibilidades contemporâneas; além da adequação necessária na tradução para os vários idiomas. Esses fatores colocam em dúvida a fidelidade das versões recentes, se comparadas às mais antigas.
Atualmente, não é possível falar do Livro, mas sim dos Livros de São Cipriano. As edições capa preta e capa de aço; ou aquelas intituladas como o autêntico, o verdadeiro, ou o único, enfatizam um mesmo acervo mágico central, e ainda exaltam o cristianismo e a vitória do bem sobre o mal. Porém, existem grandes diferenças no conteúdo. Enquanto alguns exemplares apresentam histórias e rituais inofensivos, outros apelam para campos negativistas e destrutivos da magia.
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